A terra- Um planeta em mudança

A terra- Um planeta em mudança

Princípio básicos do raciocínio geológico

 A Geologia, ciência que estuda a Terra desde a sua origem até a actualidade, preocupa-se em compreender a sua formação, estrutura e as sucessivas transformações que foram afectandon os diferentes subsistemas que a compõem. Para tal, foi sendo arquitectado pelos cientistas, ao longo dos tempos, um corpo teórico sólido, que tem subjacente princípios de raciocínio eminentemente geológico.

Entre essas teorias, assumem particular importância as que dominaram o pensamento geológico, ainda mal definido, até meados do século XVIII, e as que viriam, a partir daquela data, a contribuir para que a Geologia se desenvolvesse como ciência autónoma e com uma importância fundamental para a evolução do bem-estar do Homem e dos diferentes modelos de sociedade.

 

O presente é a chave do passado - actualismo geológico

 

A Terra, particularmente a sua superfície, tal como a conhecemos actualmente, é o resultado de um conjunto de processos, ora tranquilos ora de uma violência extraordinária, que sobre ela tem actuado ao longo da sua história com cerca de 4600 milhões de anos.

 Alguns sábios da época acreditavam que as rochas eram o resultado de precipitados quimicos, formados a partir das águas diluvianas capazes de fazer variar o nível do mar ( admitiam que os granitos e os basaltos se formavam deste modo)

As camadas sedimentares ricas em fósseis eram directamente relacionadas com inundações catastróficas, de origem sobrenatural, que causavam a mortalidade de organismos. Leonardo Da Vinci foi dos primeiros a interpretar o verdadeiro significado dos fósseis quando postolou que as camadas fossilíferas de animais marinhos ( conchas, esqueletos de peixes, etc) que se encontram no cimo de montanhas se tinham formado no fundo do mar.Esta corrente de pensamento ficou conhecida como Catastrofismo.

James Hutton, sábio escocês directamente influenciado pelas leis naturais da Fisica ( como as descobertas de Newton), recuperou a idea do naturalismo, que já tinha existido no tempo da cultura greco-rommana, mas que fora abandonada.

Hutton considerou que as rochas se formam por processos naturais e não devido a qualquer intervenção sobrenatural. As rochas ter-se-ão formado por processos físicos e químicos semelhantes aos que existem actualmente na Natureza. A esta uniformidade de processos foi dado o nome de Uniformitismo.

Hutton ficou muito impressionado quando observou dois conjuntos de estratos que faziam um ângulo significativo entre si.

Concluiu que esta discordância não era compatível com a deposição a partir de inundações. Explicou, então, que o conjunto inferior, o primeiro a depositar-se, foi deformado e que as camadas ficaram numa posição inclinada; as camadas foram de seguida parcialmente erodidas e, só depois, se depositou o segundo conjunto de estratos na posição horizontal. Para Hutton, a história da Terra, escrita nas diferentes rochas da crusta terrestre, seria representada pela sucessão de diferentes conjuntos de estratos, ou de outras formação rochosas, que não apresentavam nenhum sinal de um começo nem nenhuma perspectiva de um fim.

Estas ideias, que ficaram conhecidas por Teoria do Uniformistarismo marcaram o nascimento da Geologia moderna, tendo ficado registadas na obra de Hutton, A Teoria da Terra, publicada em 1788.

 Admite-se que esta ideia de uniformidade, entre os processos e os acontecimentos geológicos que ocorreriam a uma escala global, tenha nascido espontaneamente no espírito de Hutton, como oposição natural à corrente catastrófica que usava a ocorrência de acontecimentos súbitos e violentos, quae sempre atribuídos a origem divina, para explicar os fenómenos geológicos que iam acontecendo à superfície da Terra.

As ideias fundamentais desta nova corrente de pensamento geológico enunciada por Hutton são:

  • as leis naturais são constantes no tempo e no espaço;
  • o passado pode ser explicado com base no que se observa hoje, uma vez que as causas de determinados fenómenos do passado são idênticas às que provocam o mesmo tipo de fenómenos no presente. Este principio designa-se Princípio do Actualismo e defende que " o presente é a chave do passado";
  • os processos geológicos são lentos e graduais; de facto, verificando-se que na actualidade os fenómenos geológicos são, em regra, lentos e graduias, Hutton inferiu que no passado também o seriam. Este principio, que colide com o carácter súbito e violento dos fenómenos geológicos, preconizado pelo catastrofismo, designa-se Principio do Gradualismo.

Hutton admitiu, contudo, a existência de fenómenos violentos, como os sismos e os vulcões.

No início, o Gradualismo teve muitas dificuldades em impor-se, pois, naquela altura, a idade que se admitia para a Terra, apoiada nos relatos bíblicos, era extremamente curta, o que tornava de dificil aceitação que as transformações ocorridas na Terra pudessem ter acontecido de uma forma gradual, lenta e uniforme.

 

Processos violentos e tranquilos - catastrofismo e uniformitarismo

 

A coexistência entre o catastrofismo e o uniformitarismo não foi pacífica.

Seria Charles Lyell, um discíplo de Hutton, na sua obra Princípios Geologia, quem verdadeiramente lutou contra as ideias catastrofistas baseadas em acontecimentes excepcionais, tais como o dilúvio bíblico. A forma encontrada por Charles Lyell para exprimir o uniformitarismo de Hutton foi opor às ideias baseadas no principio de que maior partes dos fenómenos geológicos são consequência de processos gradualistas.

Em oposição aos processos violentos e rápidos, defendiam-se processos tranquilos e lentos. Desta forma se explicavam fenómenos como a erosão, responsável pelo aplanar de uma montanha, processo que pode demorar milhares de anos, daí o seu carácter trnaquil e gradual. A teoria da evolução das espécies, publicada por Charles Darwin na obra A Evolução das Espécies, cujo pensamento foi fortemente influenciado pelas ideias de Lyell, foi confirmada através  do estudo dos fósseis. Este estudo mostrou que as espécies animais e vegetais se sucederam, ao longo dos tempos geológicos, de modo tranquilo e gradual. Verifica-se, assim, aplicação do Uniformitarismo a estudos biológicos.

Esta corrente de pensamento, baseada nos princípios uniformitaristas, ficu conhecida como gradualismo ou gradualismo uniformitarista e, ainda hoje, constitui a base científica para explicar muitos dos acontecimentos que ocorrem na Terra.

A Ciência, em geral, e a Geológia, em particular, faz-se de avanços e recuos, de teorias hoje aceites e amanhã abandonadas, de ideias dogmáticas para uns e de princípios baseados na observação, para outros.

De facto, quando em 1968 a Apollo 8 orbitava a Lua, o espectáculo que se deparou aos astronautas foi impressionante -  superfície da Lua apresenta inúmeras crateras. Quando outros austronautas, nas missões seguintes, puderam caminhar na Lua, recolheram amostras de superfície lunar onde vieram a ser identificados estilhaços de rocha e esfera vítreas resultantes de fusões de rochas. Deduziu-se, então, que estes produtos e a formação das crateras se deveram a impactos de asteróides ou de cometas na Lua.

Assim, em pleno século XX, ressurgem teorias catastrofistas no âmbito de uma nova corrente, o Neocatastrosfismo. Esta corrente de pensamento geológico aceita os princípios do uniformitarismo, mas admite a existência da catástrofes - chuva de asteróides ou cometas -  como importantes agentes modeladores da vida e da geodinâmica terrestre.

As teoria cosmológicas, que explicam a extinção dos dinossáuros, são de concepção neocatastrofista.

Pensou-se, nesta altura, que o catastrofismo se iria sobrepor ao gradualismo uniformistarista. No entanto, outra revolução, esta sim de cunho uniformitarista, estava a ser operada nas ciências geológicas - a revolução da tectónica de placas.

 

O mobilismo geológico. As placas tectónicas e os seus movimentos

 

 Desde a Teoria da Deriva dos Continentes, formulada por Alfred Wegener, em 1912, até ao aparecimento da Teoria da Tectónica de Placas, muitos avanços e recuos se deram nas Ciências Geológicas.

Tudo terá começado quando Wegener, que recuperava num hospital de um ferimento obtido em combate durante  Primeira Guerra Mundial,observou a complementaridade existente entre a costa ocidental da África e a costa oriental da América do Sul e admitiu que os dois continentes pudessem, num passado longiquo, ter estado juntos.

A Teoria da Tectónica de Placas defende que a litosfera se encontra fragmentada em diferentes porções. A litosfera é a parte superior da Terra que engloba a crusta e parte do manto superior. Estas porções, que encaixam umas nas outras como se de um puzzle se tratasse, são as placas litosféricas, que mais não são do que grandes fragmentos da zona mais superior da geosfera, constituídos por rocha sólida.

A Teoria da Deriva dos Continentes de Wegener, que admitiu a deslocação dos continentes uns em relação aos outros, deixou para trás o conceito fixista, segundo o qual a posição actual dos continentes é a mesma que eles terão ocupado praticamente desde o início da formação da Terra ( fixismo ).

Passou então a ser adoptada uma ideia mobilista pela qual a posição actual dos continentes é diferente da posição que ocupavam no passado será diferente daquela que ocuparão no futuro ( mobilismo ). Assim, a superfície terrestre, ao contrário do que se pensava, é dinâmica e está em constantes transformações e movimento.

A litosfera encontra-se fragmentada, definindo, desta forma, diferentes placas que estão em constante movimento, segundo direcções bem definidas. Para que este modelo funcione na perfeição, existem zonas onde se forma nova litosfera, isto é, zonas onde a placa litosférica está a crescer fazendo com que as placas se movimentem. Por outro lado, se apenas existissem zonas de formação de nova litosfera. Por isso, também existem zonas onde a litosfera vai sendo lentamente destruída, isto é, zonas onde a placa listosférica vai desaparecendo.

As fronteiras de placas são locais onde o movimento relativo entre as diferentes placas faz com que haja grandes quantidades de energia envolvida neste processo, pelo que, são locais onde se gera actividade vulcânica e também sísmica com relativa abundância.

Pelo que atrás fica exposto, é possível então definir diferentes limites ou fronteiras para as placas tectónicas ou litosféricas, em resultado do seu comportamento.

 Tipos de Limites

Nota: falta os limites transformantes.