Terra e os planetas telúricos

Terra e os planetas telúricos

Manifestações da actividade geológica

 

Todos os planetas do Sistema Solar foram criados, simultaneamente, a partir de uma mesma nébula primitiva original, há cerca de 4600 milhóes de anos.

Numa primeira análise, e a uma escala maior, os planetas telúricos ( Mercúrio, Venús, Terra, Marte ) apresentam características semelhantes no que diz respeito a tamanho, massa, densidade, números de satélites naturais, velocidade de rotação, composição e estrutura interna. Mas, se os analisarmos em pormenor, depressa constatamos que cada um destes planetas constitui um sistema único, com características morfológicas, geológicas e ambientais ímpares.

 

Métodos utilizados na Geologia Planetária

 

Como qualquer ciência, a Geologia Planetária recorre a metodologias específicas para o objecto de estudo a que se destina : osplanetas do Sistema Solar, nomeadamente, os planetas telúricos. De realçar que este estudo depende, e só é possível, com  a contribuição de outras ciências, tais como a Física, a Química, a Geografia, a Topografia, a Óptica e muitas outras.

Os parâmetros mais estudades pelo Geologia Planetária:

  • Estrutura interna dos planetas
  • Cartografia
  • Composição
  • Cronolgia relativa

O estudo das formas e morfologias presentes nos planetas é feito através de um processo de comparação com estruturas existentes no planeta Terra. Conhecendo as estruturas, é possível inferir os processos que as originaram, partindo do princípio que as forças e os processos que ocorrem na Terra se podem aplicar a outros planetas. Assim, foram definidos três tipos de estruturas : estruturas endógenas(resultam da acção de processos e forças que actuam no interior dos planetas), exóticas (resultam da acção de processos que ocorrem na superfície do planeta) e exógenas (tem origem no exterior ao planeta) .

 Estas estruturas formam-se na sequência da actividade planetária, interna e externa, bem como em consequência da dinâmica do Sistema Solar.

Os planetas telúricos podem ser classificados como sendo geologicamente activos e geologicamente inactivos. Um planeta será geologicamente activo se nele for possível observar ou detectar sinais de dinâmica externa e/ou interna, tais, como, por exemplo, erupções vulcânicas, sismos, escorrências de água. Se tal não ocorrer, então o planeta é considerado, do ponto de vista geológico, inactivo. No entanto, é de salientar que um planeta que é actualmente considerado geologicamente inactivo, no passado pode ter tido actividade vulcânica.

A Terra é um planeta geologicamente activo, quer a nível endógeno( no seu interior ), quer a nível exógeno ( na sua superfície ).

A energia necessária para a actividade geológica interna provém :

  • da radioactividade - deve-se às propriedades radioactivias de certos elementos das rochas que constituem a Terra ( como, por exemplo, o urânio, o tório e o potássio); a desintegração atómica destes elementos liberta grandes quantidades de energia;
  • do efeito das marés - a posição combinada da Terra, do Sol e dos efeitos das marés da Lua interfere nos campos gravíticos destes astros; na Terra, este efeito origina ciclos alternados de contracções e de dilatações, com consequente libertação de energia;
  • do bombardeamento primitivo - durante a fase de acreção, de que resultou a formação da Terra, esta acumulou grandes quantidades de energia no interior que, gradualmente, tem vindo a libertar.
  • da contracção gravitacional - durante a formação do planeta, os materiais envolventes do núcleo metálico foram atraídos em direcção ao centro da Terra. Esta atracção implicou um aumento da pressão, e consequentemente, um aumento da temperatura. Poder-se-á afirmar que a contracção gravitacional transforma a energia gravítica em energia térmica.

Esta energia alimenta a actividade geológica interna da Terra, manifestando-se através de fenómenos vulcânicos e sísmicos.

Por sua vez, a energia necessária para a actividade geológica externa provém:

  • do Sol - esta estrela introduz a energia necessária para "activar" os agentes que modelam a superfície da Terra;
  • da actividade vulcânica - em particular o calor que se liberta junto às critas médio-oceânicas que induz o aquecimento da água do mar que, por sua vez, condicona o aquecimento da atmosfera e toda uma série de alterações no clima;
  • do impactismo - ainda hoje a Terra é bombardeada por corpos vindos do espaço embora, na actualidade, este efeito seja muito reduzido, quando comparado com os primórdios do nosso planeta.

Esta energia contribui para as alterações morfológicas que ocorrem na superficie da Terra, em resultado da erosão, da meteorização e da fomarção de crateras de impacto.

No actual estado de conhecimentos, Mercúrio e Marte são considerados inactivos do ponto de vista geológico. Venús apresenta actividade vulcânica e eventualmente sísmica, o que nos pode levar a classifica-lo, como sendo um planeta geológicamente activo.

 

Sistema Terra-Lua, um exemplo paradigmático

 

Entre a Terra e a Lua existe uma forte interacção gravitacional, o que leva alguns investigadpres a refirirem-se a estes dois planetas como "planeta duplo".

A alteração da força da gravidade exercida pela Lua sobre a Terra resulta na variação das marés dos oceanos. Esta força de atracção, exercida entre os dois planetas, leva a que a velocidade de rotação da Terra dcresça, com o consequente aumento da duração de um dia. Cada dia aumenta cerca de 0,0018 segundos por século.

A interacção Terra-Lua tem outras consequências interessantes:

  •  o efeito das marés leva a que a Lua se afaste da Terra cerca de 3,8 cm por ano;
  • dá origem a que a rotação da Lua seja síncrona com a sua translação

A Terra, também conhecida pelo plante azul, é o único planeta do Sistema Solar onde se conhece vida. Os valores médios de distância ao Sol, a temperatura superfícial, a existência da água no estado líquido, a densidade da atmosfera, a existência de uma camada protectora dos raios solares - camada do ozno - e os valores adequados de aceleração da gravidade são factores propícios para a existência de uma enorme biodiversidade.

Companheira inseparável da Terra, a Lua é o único astro do Sistema Solar que foi visitado in loco(no local) pelos seres humanos.

Apresenta temperatura média que varia entre os 130º C ( de dia ) e os - 200º C ( de noite ). Não tem atmosfera devido à sua reduzida massa e força de gravidade. Os efeitos da erosão nas rochas são reduzidos, devido à inexistência de vento e de água no estado líquido. Há milhôes de anos que não ocorre nehuma erupção vulcânica. Esta ausência de dinâmica externa e interna parece evidenciar que a Lua é um planeta geológicamente inactivo.

A observação da superfície da Lua permite identificar dois tipos principais de relevos: os "mares lunares", mais escuros,  os "continentes lunares", mais claros. (Estas definições não têm, obviamente, o mesmo significado que têm na Terra.)

 Os "mares", de relevo, plano reflectem cerca de 7 % da luz solar e são constituídos, essencialmente, por basalto. Os "continentes", de relevo acentuado, são constituidos por uma rocha de cor clara, o anortosito. Reflectem cerca de 18 % da luz do Sol.

As crateras de impacto de corpos celestes também são outro aspecto visível da superfície lunar. Deforma circular e de diâmetro variável, são depressões que se encontram dispersas, existindo quer nos "mares" quer nos "continentes lunares".

A existência de vales e sulcos está relacionada com antigos rios de lava.

Devido ao facto de ser uma planeta inactivo, a Lua é considerada um "fóssil" do Sistema Solar, pois permite conhecer os primeiros 700 M.a. da história da Terra. As mais antigas rochas terrestres datadas radiométricamente apresentam idades da ordem dos 3900 M.a. Admitindo para a Terra uma idade de 4600 M.a., verificamos que no nosso planeta poderão ja não existir testemunhos comtemporâneos da sua formação, devido à sua actividade geológica interna e externa. Assim, o estudo da Lua permite-nos conhecer por comparação, esses primeiros anos da história da Terra.